Macilento


Seremos uma sociedade macilenta? Quando penso no estado de sitio que se tornou o portugalinho, a única maneira de o caracterizar, é dizendo que é um país macilento...
Temos o fado ( não há coisa mais bonita que o fado, a bem dizer gosto bastante), o problema principal é que vivemos demasiado tempo parados a pensar na nossa mal fadada sorte...
Ninguém esta contente, mas ninguém está verdadeiramente descontente, aceitamos o estado de sitio, como um pesado fardo que nos calhou na rifa, como quem joga no euromilhões... Acho que, no intimo as pessoas se sentem culpadas pela própria “crise” (sendo o conceito de crise algo polémico, bem como o de divida soberana), e por conseguinte achamos completamente legitimo estarmos a passar por este embaraço e esforço, quiçá castigo!
Apesar do Sol que reinou no Inverno, estamos mais apagados que no mais negro dos Invernos, estamos macilento... A esperança parece que foi enterrada no cemitério mais próximo, e a inercia venceu qualquer esforço de a tentar resgatar...
Ás vezes penso que desistimos,que morremos, que nos extinguimos... Olho e penso que o medo venceu... E temo, temo que mais uma vez, o medo tenha vencido... As pessoas trazem medo no olhar, algumas até desespero... Mas não vejo revolta, vejo aceitação...Estamos macilentos...
Liga-se o rádio, liga-se a televisão, abre-se um jornal, uma revista, parece que o mundo acabou, que a catástrofe aconteceu e paira sobre nós, a boa noticia por maior e mais poderosa que seja, torna-se um resquício, um fragmento, uma memória distante, que nem conseguimos assimilar com exactidão...
Questiono-me se deveríamos todos fazer uma corrida nacional ao psiquiatra e procurar anti-depressivos?!?!?
Ás vezes apetece-me gritar, mas acho que nem assim me iriam ouvir, estamo-nos a tornar um pouco autistas também, e já criamos a nossa própria realidade, é pena que seja a realidade do desespero... Quer dizer, desespero também não é bem a palavra...
Depois penso, “fomos sempre assim?! E não demos conta?!?!”, quero acreditar que não...
Se o que disser a seguir servir de consolo, a história tem-se mostrado cíclica, sempre houve “crises” (seja la o que isso for), sempre houve alturas de expansão e alturas de retracção, mas sempre se andou para frente e sempre se viveu para lá disso. Não temos de ser conformistas e dizer “temos de aceitar, que remédio temos”, olhem temos o remédio que quisermos, e aquele onde a nossa vontade nos levar... Não temos de ir para a rua de bandeira na mão, se não entendermos, mas se não estamos satisfeitos mostremo-lo, se queremos mudar e construir algo melhor, que o façamos!
As mudanças geram conflitos, incertezas e medo, mas podem ser sempre aproveitadas para construir, para reformular, para inovar, para criar! Vamos aproveitar a Primavera, para também nós renascermos e deixar de ser macilento!

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