Já disse, o quanto gosto de Alberto Caeiro?!
De todos os heterónimos do Fernando Pessoa, o Guardador de Rebanhos é sem duvida o meu preferido!
E como tal, hoje presto-lhe aqui, uma pequena homenagem:
"Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de Sol,
E a chuva, quando falta muito,pede-se
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso e ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se que o dia morre,
E que o poente é belo e que é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja... "
Alberto Caeiro, XXI
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